Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Santos
Casa de oração para todos os povos
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Para o ano ser realmente novo
Estamos no primeiro dia de 2012. Certamente que para muitos essa é uma data que desperta esperanças e expectativas. Espera-se alcançar conquistas que não se conseguiu em anos anteriores ou para as quais se está preparando há algum tempo. Deseja-se fazer, viver, realizar, comprar, concluir aquilo que é o objetivo desde pouco ou muito tempo. E se planeja, às vezes cuidadosamente, como alcançar o objetivo proposto.
Por um lado, estabelecer objetivos claros e planejar como alcançá-los é positivo, pois significa estabelecer alvos a serem conquistados na vida, tomar conta de sua própria história e não se deixar levar pela vida simplesmente.  Quem deixa a vida lhe levar, como canta o sambista, não sabe para onde vai, nem o que quer da vida e, certamente, não vai conquistar nada de significativo nem desenvolver todo o seu potencial como ser humano. Por isso é importante que coloquemos alvos claros a serem alcançados no próximo ano, ainda que somente que para nós mesmos.
Por outro lado, a vida é composta por muitas variáveis e elementos que fogem ao nosso domínio. Ninguém é senhor nem mesmo do seu próprio corpo, pois que muitas vezes se é surpreendidos por enfermidades que alteram totalmente o ritmo de vida e os respectivos planos. E o que dizer de fatores que estão completamente fora do controle das pessoas comuns e que as afetam diretamente? Podemos citar o mercado de trabalho, o fluxo da economia, as variações inesperadas do tempo, e diversos outros elementos dos quais a maioria das pessoas não controla, mas que podem alterar os seus destinos. Tais variáveis da vida podem fazer cair por terra qualquer planejamento que alguém venha a fazer.
No entanto, isso não tira a validade da busca por alvos na vida de qualquer um. É preciso ter consciência de que nem tudo depende da própria pessoa e que muitos fatores interferem positiva ou negativamente para a conquista dos objetivos propostos, porém, e talvez por isso mesmo, é necessário estabelecer propostas para a vida pessoal. 
Disso decorre outro problema: quais alvos devem ser estabelecidos? O que realmente é importante para ser proposto como objetivo a ser perseguido no próximo ano? E o que é legítimo ou ilegítimo, o que é ético ou não? Certamente que cada um terá as suas prioridades, baseadas em suas expectativas de vida, seus desejos e consciência das suas possibilidades. Mas, penso eu, existem objetivos que deveriam fazer parte das prioridades de todas as pessoas, especialmente dos cristãos. 
O primeiro e mais importante objetivo de todos os cristãos para o próximo ano deveria ser buscar mais ao Senhor. Dele decorrem todos os outros. Aquele que busca ao Senhor o encontra e ele orienta a sua existência.  É Deus quem dá ao ser humano as condições básicas para que ele possa construir o seu viver, é ele quem orienta acerca das melhores decisões a serem tomadas, dos melhores caminhos a serem percorridos. Quem se propõe a buscar ao Senhor, de antemão fez a melhor escolha, traçou o mais importante objetivo. 
A busca pela comunhão com Deus precisa ser feita através de atitudes. Por isso, decidir estar mais perto de Deus deve significar decidir também se dedicar mais ao estudo da sua Palavra e à oração. Se queremos estar perto de alguém precisamos nos aproximar mais dessa pessoa. Do mesmo modo, quem quer estar mais perto do Senhor tem como caminho para isso o estudo da sua palavra e o diálogo com ele através da oração, diariamente como ideal alcançável. E que não se esqueça do freqüentar a sua casa, a igreja, para que se possa animar a perseverar na fé. 
Estabelecer o alvo de freqüentar mais a casa do Senhor tem como conseqüência o aprofundamento da comunhão com os irmãos, aqueles que também pertencem ao povo de Deus.  Para que a comunhão seja verdadeira, precisa-se desenvolver o perdão, o respeito, o diálogo. Que são também bons alvos a serem estabelecidos para o próximo ano. 
Como se vê, não faltam objetivos legítimos e relevantes para serem alcançados em 2012. Claro que cada um há de ter seu objetivos pessoais, profissionais, econômicos, etc. Mas que não se esqueça dos espirituais, pois na comunhão com o Senhor está a raiz de toda a existência do ser humano.



A nossa tradição Reformada
No culto vespertino de hoje estaremos apresentando à igreja o nosso planejamento para o ano de 2012. É um projeto simples, com algumas propostas que julgamos pertinentes à 1ª. IPI de Santos e que desejamos que os irmãos as abracem. Temos consciência de que o melhor projeto estará sujeito ao fracasso se não for levado adiante por todos os membros da igreja. Já, de modo diferente, um projeto simples como esse pode alcançar bons resultados se todos se empenharem. 
Mas o ponto que queremos tratar a respeito do planejamento nesse espaço é outro. Ao caracterizar a igreja que somos e a igreja que queremos vir a ser, muitas vezes recorremos a duas distinções para a nossa comunidade: a base bíblia e a tradição reformada. 
Dessas, a característica que talvez não seja tão clara para alguns irmãos é o presbiterianismo. O que significa ser uma comunidade segundo a tradição reformada? O que significa sermos herdeiros da teologia calvinista? Penso que todos sabem que o calvinismo teve a sua origem em Genebra, na Suíça, no século XIV. Passados quase quinhentos anos, estaríamos nós, herdeiros dessa tradição, presos a ela de modo a conservar o pensamento e a forma de vida daquela época? Nossa tarefa seria preservar o passado? De forma nenhuma! Ser presbiteriano é viver o seu tempo e a tradição calvinista afirma que a igreja reformada está sempre em processo de reforma. 
Uma rica herança que se recebe é um patrimônio que precisa ser trabalhado e adaptado ao seu tempo, se não perde o valor. Alguém que receba uma fazenda ou uma indústria de herança precisa fazer com que esse patrimônio produza conforme o seu tempo, sob o risco de, se não o fizer, perdê-lo. A mesma coisa uma tradição rica como a presbiteriana, ela precisa ser vivida no contexto atual, mas não pode ser abandonada ou ignorada. Mas no que consiste essa tradição, e no que ela é importante para nós hoje? Certamente ela é muito rica para ser esgotada nesse espaço, por isso, apontaremos apenas alguns aspectos relevantes. 
O primeiro ponto é a respeito da importância da palavra de Deus na vida do crente. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática, tanto na nossa vida individual como na caminhada como igreja, parte do corpo de Cristo. Ela nos dá a base, os valores, a direção na qual percorremos os nossos dias em direção ao reino de Deus. Ela é a Escritura Sagrada que nos transmite a palavra de Deus acerca das mais importantes dimensões da vida. A Bíblia é um livro atual, que fala da realidade humana para todas as épocas e que responde aos anseios das pessoas de qualquer tempo.
Outra importante vertente da teologia reformada para os dias de hoje é a doutrina da soberania de Deus. Alguns que se dizem presbiterianos, mas vivem engessados no passado, vivem a discutir a questão da predestinação como se esse fosse o ponto central do calvinismo. O centro do pensamento de João Calvino, e que é profundamente atual, é que Deus é soberano em todas as esferas da vida humana. Seja na esfera religiosa, social, política, familiar, individual, Deus está presente, dirigindo a história num diálogo com o ser humano segundo os seus santos propósitos. Só Deus é Senhor e não existe poder que não esteja aos seus pés, seja esse poder político, militar, econômico, social ou até religioso. Existem pessoas em todas essas áreas que pretendem usurpar o lugar que é de Deus, mas o Senhor não permite isso e continua a governar o universo.
Não podemos nos esquecer da forma democrático-representativa de governo das igrejas presbiterianas. Esse tipo de governo foi revolucionário na época em que surgiu, na qual ainda se vivia as monarquias centralizadoras. O presbiterianismo tem sua parcela de contribuição na construção do mundo democrático. Esse sistema de governo permanece importante testemunho democrático até nossos dias. Basta lembrar que, até algum tempo atrás, nossas igrejas eram uma das poucas instituições brasileiras na qual se exercia o voto. A democracia, importante componente de todas as esferas da vida, faz parte da tradição reformada. 
Poderíamos explorar ainda muitos outros aspectos da tradição reformada, como também aprofundar muito mais os aqui expostos, mas o limite de espaço não nos permite. Pensamos, entretanto, que os pontos aqui assinalados servem para demonstrar que ser presbiteriano não é somente freqüentar uma igreja qualquer, mas ter um sentido de vida, uma visão acerca do mundo. 
A tradição reformada é uma rica herança que recebemos e da qual podemos desfrutar e desenvolver em nossos dias, vivendo no mundo de hoje segundo a vontade do Deus que atravessa os séculos.


Discípulos de Jesus, trabalhadores do reino
Neste ano propomos à igreja o tema do discipulado. A proposta de um tema é importante para direcionarmos as nossas forças, a fim de alcançarmos o melhor resultado. Sobre a questão do discipulado que chamamos a igreja para que esteja meditando e trabalhando em 2012. 
O discipulado é uma forma de vida do cristão, ou melhor, é a única forma de vida do cristão. Não existe outra. Existem pessoas que são admiradoras da “filosofia” de Jesus, outras que são simpatizantes do cristianismo, existem os freqüentadores de igreja e os que gostam até de cantar músicas religiosas. Mas essas pessoas não são necessariamente discípulos. E o Mestre é radical: “
Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12,30).


Você tem orgulho da sua vida?

Acredito que todas as pessoas, ao menos de vez em quando, fazem uma reflexão a respeito da sua vida. Pensam a respeito do seu passado, das experiências vividas, das oportunidades que tiveram, de como as aproveitaram ou não, do que é e do que gostaria de ser. Quem nunca fez uma reflexão como essa deveria fazer. É um saudável exercício de auto-exame, de percepção do que se é e do que se poderia ser.

Como resultado dessa reflexão vem naturalmente a pergunta: você esta satisfeito com a sua vida? Ou sendo ainda mais exigente, você tem orgulho da sua vida?

Para responder a essas perguntas, primeiramente é necessário estabelecer os critérios pelos quais nos avaliamos e avaliamos a vida que levamos. E quem tem que estabelecer esses critérios é cada um de nos com o Senhor. Não são poucos aqueles que transferem essa responsabilidade para os outros. Mas os outros, seja lá quem for, não são responsáveis pela felicidade senão a deles próprios. Cada um e mais ninguém e responsável pela sua própria felicidade.

Existem pessoas que transferem a responsabilidade pela sua satisfação para outro alguém. Estão mais preocupadas em agradar amigos ou parentes do que em alcançar aquilo que Ihe dignifique aos seus próprios olhos. Fazem de tudo para corresponder as expectativas que terceiros depositem sobre eles, até mesmo em prejuízo de conquistas que alegrem o seu coração. Isso não significa que devamos tomar o caminho do egoísmo, até porque o ele não traz felicidade ao egoísta, mas frustração. O que não se pode é transferir o direito de escolha e a responsabilidade por alcançar a satisfação a outros. Quem assim faz, invariavelmente acaba decepcionado.

Definidos os critérios pelos quais se haverá de julgar a si mesmo e sua vida, pode-se questionar a legitimidade e validade desses critérios. O que faz alguém se sentir realizado como pessoa humana? Há critérios de honra estabelecidos no mundo, como fortuna financeira, conquista de poder ou prazeres físicos, que não resistem a um exame mais rigoroso do ponto de vista da ética e da espiritualidade. E muito menos no critério da construção pessoal da felicidade.

A dignidade de cada ser humano é construída na proporção em que ele serve a Deus e ao seu próximo. A felicidade de cada pessoa não esta em quanta riqueza ou poder conseguiu acumular, mas em quanto amor e bondade pôde distribuir. As pessoas podem sentir certa inveja dos ricos e poderosos, mas respeitam, admiram e sentem falta dos que se dedicam a outrem.

Se alguém pretende ter sua vida como motivo de digna honra e admiração das outras pessoas e, mais importante, também de si mesmo há de romper com o egoísmo e as futilidades e se dedicar a viver e transmitir a fé, a bondade, o amor, a solidariedade. Quem assim faz traz consigo a boa consciência de dever cumprido e a paz interior de quem bem desempenhou seu papel.


O Livro esquecido de Eli
Tempos atrás passou um filme nos cinemas, chamado o livro de Eli, que contava a história, presumida em algum ponto no futuro, de um homem que lutava durante todo o tempo pela preservação de um livro misterioso que muitas pessoas tentavam destruir. A final do filme descobre-se que o tal livro misterioso nada mais é do que um exemplar da Bíblia. Nenhuma surpresa, se considerarmos que o nome Eli significa "meu Deus", assim, o livro de meu Deus não seria outro se não as Escrituras Sagradas, a Biblia.
Passado em uma
época desconhecida, essa história, na verdade, poderia se passar em nossos dias como tarnbém em muitos outros períodos da história. Tal como a fábula do filme, também hoje muitos querem fazer calar a palavra de Deus e poucos lutam para preservá-la. Tal como o filme, as épocas mais tristes da história da humanidade foram aquelas em que o temor a Deus e a
sua palavra foram esquecidos ou abandonados.
Algu
ém pode dizer que a religião também foi responsável, ou ao menos justificou, terríveis épocas da existência humana, como o período das cruzadas ou até mesmo a época de dorninação nazista na Alemanha. Isso e verdade, como também é verdade que a reliqião nesses tempos estava longe de se pautar pela palavra de Deus ou pela busca da sua vontade. A fé era usada como um instrumento de manipulação das consciências e incitaçã
o a cumprir determinadas agendas politicas.
Já as épocas em que as Escrituras Sagradas foram recuperadas e se viveu uma busca pela seu conhecimento, a sociedade experimentou crescimento da vida e dignidade. Foi assim com Judá na epoca em que o rolo da lei foi encontrado no templo e lido diante do rei Josias. A reação do rei foi uma conversão que levou o povo a um período de grande crescimento.
É um fato notório que as igrejas e o modo como as pessoas vivenciam a sua fé tern mudado muito nos últimos trinta ou quarenta anos. Nessa rnudanca há pontos positivos, mas há também outros aspectos negativos. Uma das dimensões em que vejo prejuízo na vida dos cristãos é a forma cada vez mais distante com que se relacionam com a palavra de Deus. Poucos são os que cultivam o hábito de lê-Ia regularmente. Deixam que outros hábitos ocupem a rotina e não separam um momento para leitura das Sagradas Escrituras e meditacão no seu conteúdo. Trocam os seu ensino pelo que dizem os "cânticos de louvor", as "profecias" e "revelacões". Por não conhecerem a Bíblia, ficam procurando a vontade de Deus no "eu acho". Procurassem mais as pessoas conhecer a Palavra de Deus e não seriam tao enganadas pelas falsas propagandas de felicidade fácil. Propagandas essas oriundas, as vezes, de setores que se dizem religiosos e usam ate versículos bíblicos extraídos de seu contexto para prometer riquezas, saúde e bem-estar a quem de seu dinheiro para eles. Propagandas, vindas do mundo que afirma estar a alegria em drogas, bebidas, sexo sem compromisso, poder, etc.
A Bíblia é o referencial seguro para que as pessoas pautem sua vida. É a palavra de Deus útil para a repreensão, correção e educação na justiça e nos caminhos do Senhor. Todos procuram alcancar a felicidade. Há quem pense que a alegria esta em riquezas, poder, fama, diversão ou outra dimensão da vida. Embora essas coisas façam parte da vida, elas não satisfazem o ser humano. Estudar a Bíblia é conhecer o caminho para a felicidade verdadeira.
Escrevo essas palavras com o coração triste de ver a cada semana quantas Bíblias são propositalmente deixadas nos bancos do templo de nossa igreja. As pessoas, conscientes de que não utilizarão o livro sagrado durante a semana, simplesmente o deixam aqui para nem terem o trabalho de carregá-lo para casa e o trazerem de volta no domingo seguinte. Assumem, desde já, que nao o lerão em nenhum momento durante a semana. Afinal, nos próximos seis dias estarão muito ocupadas com tantas coisas mais importantes...
Talvez seja necessário hoje alquém interessado em proteger o livro de Eli. Proteger do esquecimento e do desprezo com que ele vem sendo tratado pelos próprios cristãos. Ou pelos que se dizem cristãos.